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Oferta e dizimo

Se tivéssemos sido israelitas, vivendo na Palestina antes de Cristo haver morrido e ressuscitado dos mortos, seríamos obrigados a dar dízimos (ou a décima parte) de todos os nossos rendimentos, dos produtos de nossas plantações e do aumento de nosso rebanho, segundo a lei de Moisés que dizia: "Certamente darás os dízimos de toda a novidade da tua semente que cada ano se recolher do campo" (Dt. 14:22). "Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do Senhor: santas são ao Senhor... Tocante a todas as dízimas de vacas e ovelhas, de tudo o que passar debaixo da vara, o dízimo será santo ao Senhor" (Lv. 27:30,32).

Enquanto Cristo, o Messias de Israel, "nascido de mulher, nascido sob a lei" (Gl. 4:4), esteve no mundo, guardou a lei até à perfeição. Ele exaltou a lei e engrandeceu-a, pois "Foi do agrado do Senhor, por amor da sua própria justiça, engrandecer a lei, e fazê-la gloriosa" (Is. 42:21 Versão Rev. e Atualizada). Ele podia dizer: "Agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro em meu coração está a tua lei" (Sl. 40:8). Da mesma maneira, Cristo insistiu que a lei fosse obedecida pelos judeus: "Na cadeira de Mosés estão assentados os escribas e fariseus. Observai, pois, e praticai tudo o que vos disserem; mas não procedais em conformidade com as suas obras" (Mt. 23:2,3). "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas" (Mt. 23:23).

Houve, porém, uma mudança radical quando Cristo subiu ao céu e, dez dias depois, no dia de Pentecostes, enviou o Espírito Santo. Este congregou os crentes em Cristo num só corpo, a Igreja de Deus. Até àquela altura, havia apenas duas classes de pessoas no mundo: os gentios e os israelitas; porém com a formação da Igreja, passaram a existir três: "Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à Igreja de Deus" (1 Co. 10:32).

A vocação do cristão é celestial, enquanto a do israelita era terrena (compare Hb. 3:1 e Gn. 28:13). A bênção do cristão é espiritual; a do israelita era material (compare Ef. 1:3 com Dt. 28:3-5). Ao cristão, em peregrinação por este mundo que "está no maligno" (1 Jo. 5:19), o Senhor prometeu apenas três coisas: 1. Sustento; 2. Com que nos cobrirmos e, 3. Perseguições (1 Tm. 6:8; 2 Tm. 3:12). Porém, ao israelita fiel Deus prometeu saúde, prosperidade e segurança contra seus inimigos (Dt. 7:12-15).

Da mesma forma, a oferta cristã também está totalmente em contraste com o dízimo israelita. O que foi ordenado aos israelitas, ou seja, dar o dízimo, não é mencionado, nem uma única vez, no ensino dirigido aos cristãos, seja no livro de Atos ou nas 21 epístolas, que são, 14 de Paulo, 2 de Pedro, 3 de João, 1 de Tiago e 1 de Judas (apenas em Hebreus 7 é citado o dízimo, porém em conexão com Abraão e também com o sacerdócio levita). Ao contrário do judeu, que era obrigado a dar o dízimo, o cristão é motivado a dar sua oferta pelo "amor de Cristo que nos constrange" (2 Co. 5:14). "Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para que pela sua pobreza enriquecêsseis" (2 Co. 8:9). O crente oferece ao Senhor "o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade" (1 Co. 16:2). Deus Se agrada da prontidão de vontade, pois "se há prontidão de vontade, será aceita segundo o que qualquer tem, e não segundo o que não tem" (2 Co. 8:12). Antigamente o israelita fiel tinha sempre como oferecer o seu dízimo a Jeová, pois Jeová o abençoava materialmente. Há, porém, milhares de cristãos fiéis que carecem de recursos materiais, entre eles pais de família com esposa ou filhos enfermos. Estes, que muitas vezes não tem como oferecer ao Senhor nem ao menos um por cento dos seus minguados salários, como iriam oferecer dez por cento? "Será aceita segundo o que qualquer tem, e não segundo o que não tem" (2 Co. 8:12). Será que o Senhor, que é riquíssimo, iria requerer de um pai de família uma quantia que o levasse a desobedecer a exortação "a ninguém devais coisa alguma" (Rm. 13:8)? É um pecado o que fazem alguns dos, assim chamados, líderes ou pastores, que exigem rigorosamente o dízimo de desafortunados cristãos que se encontram sob o seu mando.

Cada cristão é mordomo de tudo quanto o Senhor lhe tem dado. Se o cristão possui bens neste mundo, a questão não é de quanto ele deve dar, mas antes, de quanto se atreve a guardar para si. Há crentes ricos (são poucos) que oferecem ao Senhor até 90 por cento dos seus rendimentos. "Cada um contribua segundo propôs no seu coração" (2 Co. 9:7). Os capítulos 8 e 9 de 2 Coríntios tratam, em sua totalidade, do sacrifício ou oferta dos cristãos, e todo o assunto termina por esta frase bastante significativa: "Graças a Deus, pois, pelo seu dom inefável" (2 Co. 9:15).

O Senhor Jesus disse o seguinte acerca da viúva que "deitou duas pequenas moedas" na arca: "Em verdade vos digo que esta pobre viúva deitou mais do que todos os que deitaram na arca do tesouro; porque todos ali deitaram do que lhes sobejava, mas esta, da sua pobreza, deitou tudo o que tinha, todo o seu sustento" (Mc. 12:41-44). O Senhor avalia o motivo do coração, e não toma em conta a importância material da oferta.

Para que o leitor possa meditar mais sobre o assunto, deixamos as passagens do Novo Testamento que dizem respeito à oferta cristã, individual ou coletiva: At. 11:27-30; Rm. 12:8,13; 1 Co. 16:1-3; 2 Co. 8 e 9; Gl. 6:6; Fp. 4:10-19; 1 Tm. 6:17-19; Hb. 13:15,16; Tg. 2:15,16; 1 Pe. 4:9,10; 1 Jo. 3:16-18.

J.H.S.

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