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Preparando-me para mudar

O proprietário da casa em que morei como inquilino por muitos anos avisou-me que não irá mais providenciar reparos nela. Ele me disse que devo preparar-me para mudar.

A princípio essa não foi uma notícia das melhores. A vizinhança aqui é boa em muitos aspectos e, se não fosse pelo evidente apodrecimento da estrutura da casa, eu até que a consideraria satisfatória. Porém até mesmo um vento fraco a faz tremer, e todos os reforços não têm sido suficientes para fazê-la verdadeiramente segura. Por isso estou me preparando para mudar.

É estranho a rapidez com que passamos a nos interessar pelo nosso futuro lar. Tenho consultado mapas do lugar para onde vou e tenho lido a respeito de seus habitantes. Um deles foi até lá e voltou, e por meio dele aprendi que o lugar é de uma beleza sem igual - a própria linguagem é incapaz de exprimir as coisas que escutou enquanto estava lá. Ele contou que, a fim de fazer um investimento ali, sofreu a perda de tudo o que possuía aqui, e o que para ele é motivo de regozijo, é visto pelos outros como "sacrifício".

Outro, cujo amor por mim foi demonstrado pela maior prova imaginável, encontra-se lá agora. Ele tem me enviado pencas das mais deliciosas frutas. Depois de experimentá-las, todo alimento daqui, em comparação, não tem sabor nenhum.

Por duas ou três vezes eu já fui até à beira do rio que fica na fronteira, e cheguei até mesmo a desejar estar junto daqueles que se encontram do outro lado. Não seria maravilhoso viver em um lugar onde "conhecerei como também sou conhecido", não tendo nada para esconder, nenhuma dúvida, nenhum engano, somente Amor, Comunhão e Serviço, "delícias perpetuamente"?

Muitos dos meus amigos já se mudaram para lá. Pude ver o sorriso em seus semblantes enquanto os perdia de vista. Aqui, as verdadeiras alegrias da vida - o amor e a comunhão - nunca são plenamente desfrutadas em razão das limitações de tempo, dias, estações do ano, compromissos e celebrações, mas "ali não haverá noite" e terei a eternidade à disposição.

Há muitos que sugerem que eu deveria fazer mais investimentos materiais aqui, mas na verdade muitos dos que já fiz têm trazido mais preocupações do que satisfação. Por outro lado, aqueles que já fiz lá têm me dado grande gozo e paz. Como nosso coração está onde estiver o nosso tesouro, estou decidido a não fazer mais daquilo que se costuma chamar aqui de "bom investimento", pois digo com toda a sinceridade: Creio que devo me aprontar para a mudança. - Christian Treasury - Dez.87

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Babilonia - J. G. Bellett

A Babilônia mística de Apocalipse pode ser apresentada ostentando um Cristo crucificado e, ainda assim, ser Babilônia. Pois o que vem a ser ela, do modo como é esboçada pelo Espírito? Trata-se de algo mundano em seu caráter, na mesma medida em que é abominável e idólatra em doutrina e prática. Apocalipse 18 nos dá uma visão de Babilônia em seu mundanismo, porém no capítulo 17 ela é vista em sua idolatria.

A Babilônia da antiguidade, na terra da Caldeia, era repleta de ídolos e culpada do sangue ou do padecimento dos justos. Porém ela tinha também esta marca: demonstrava grandeza neste mundo, numa época de depressão para Jerusalém. O mesmo sucede com a Babilônia mística. Ela tem em seu seio suas abominações, e o sangue dos mártires de Jesus a mancha. Mas muito mais que isto, ela é revelada como grande, esplêndida e alegre neste mundo em uma época de rejeição a Cristo. Ela é importante neste mundo em um período em que o juízo de Deus está sendo preparado para cair sobre ele. Ela consegue glorificar-se a si própria e viver em luxúria em um lugar corrompido. Isto não quer dizer que ela ignore abertamente a cruz de Cristo. Ela não é pagã. Ela pode anunciar o Cristo crucificado, mas se recusa a conhecer o Cristo rejeitado. Ela não O acompanha em Suas provações. Os reis e mercadores da terra são seus amigos, e os habitantes da terra lhe estão sujeitos.

Acaso não é a rejeição de Cristo aquilo de que ela escarnece? Certamente que sim. O pensamento do Espírito acerca dela é: ela é exaltada no mundo enquanto o testemunho de Deus é rejeitado, e ela se coloca em posição de desafio, pois está ciente do que está fazendo.

A Babilônia da antiguidade conhecia bem a desolação de Jerusalém. A cristandade conhece exteriormente a cruz de Jesus e a anuncia. A Babilônia da antiguidade era muito insolente em seu desafio à dor de Sião. Ela fez com que os cativos de Sião contribuíssem para sua grandeza e deleites. Nabucodonosor procedeu assim com os jovens cativos, e Belsazar fez o mesmo com os vasos capturados.

Assim era Babilônia, e a cristandade encontra-se no mesmo espírito. A cristandade é aquilo que glorifica a si própria e vive confortavelmente neste mundo, negociando em tudo aquilo que é desejável, valioso e estimado neste mundo, fazendo-o bem diante da dor e rejeição daquilo que é de Deus. A cristandade se esquece, na prática, que Cristo foi rejeitado neste mundo.

O poder Medo-Persa é outra criatura. Ele remove a Babilônia mas exalta a si próprio (Daniel 6). É esta a ação da "besta" e de seus dez reis. A mulher, a Babilônia mística, é removida pelos dez reis, mas estes entregam, então, o seu poder à besta que se exalta (como fez Dario, o Medo) acima de tudo o que é chamado Deus ou que é adorado. É esse o desfecho, o ponto culminante na cena da apostasia mundial, mas ainda não chegamos lá. Nosso conflito é com a Babilônia e não com os Medos; é com aquilo que vive em luxúria e honra durante a era de ruína de Jerusalém, isto é, da rejeição de Cristo. - John Gifford Bellet (1795–1864)

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Os dois inquilinos - A. T. Schofield

Suponhamos que um senhorio tenha alugado sua casa a um mau inquilino, que bebe, joga, pragueja e seja uma desgraça para a vizinhança, além de nunca pagar o aluguel. Por fim, o senhorio perdoa todos os aluguéis atrasados e coloca na casa um novo inquilino - tranquilo, respeitável, trabalhador, e com autoridade suficiente para manter o mau inquilino quieto em um dos aposentos da casa. Ele nunca deverá permitir que o mau inquilino tome o domínio da casa, e jamais deixará que ele abra a porta.

Esta é uma figura um pouco grotesca de um cristão. Seu corpo é a casa; sua velha natureza é o mau inquilino; sua nova natureza é o bom inquilino, e Deus é o proprietário do imóvel, pois nosso corpo não é nosso, mas do Senhor. Não moramos em casa própria, por assim dizer, mas somos meros inquilinos - uma verdade solene e frequentemente esquecida.

Surge, então, uma dificuldade. O mau inquilino é um velho muito forte; o novo inquilino é um jovem ainda fraco. Embora ele tenha completa autoridade, ele não tem poder para cumprir o desejo do proprietário da casa. Ele clama por auxílio e o proprietário envia um forte amigo, de sua própria casa, para ajudar o novo inquilino a subjugar o velho inquilino e mantê-lo sob custódia.

O amigo forte é o Espírito Santo, "para que, segundo a riqueza da Sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o Seu Espírito no homem interior" (Ef 3.16 Almeida Versão Atualizada). É por isso que com frequência lemos acerca dEle subjugando o velho inquilino ao invés do novo inquilino fazê-lo. Devemos, evidentemente, entender que esse amigo nunca interfere, a menos que o novo inquilino o deseje (veja Gálatas 5.17,25).

Suponhamos que eu convide alguns amigos para virem a essa casa e passarem uma noite agradável com meu velho amigo que mora ali. Eu ouvi dizer que aconteceram algumas mudanças naquela casa, mas não sei exatamente o que aconteceu. A porta é aberta pelo velho inquilino, mas ele está com uma aparência intimidada. Quando eu lhe digo a respeito da razão de minha vinda, ele diz, "Bem, evidentemente eu gostaria de convidá-lo a entrar, mas não posso fazê-lo pois o novo inquilino não gostaria. Você compreende, agora é ele o responsável por esta casa perante o proprietário, e ele é muito exigente quanto a mantê-la em ordem e em silêncio. Eu só vim atender porque ele está dormindo, mas se houver qualquer barulho na casa ele logo me trancará novamente".

Fica evidente, neste caso, que fui atendido pela mesma pessoa que conhecia há tempos, com a única diferença que ele teve seus aluguéis perdoados e que há agora um novo inquilino na casa, do qual ele tem medo.

Suponhamos, agora, que eu volte depois de alguns meses para tentar induzir meu velho amigo a sair e passar uma noite divertida junto comigo. Está bem escuro quando eu bato à porta, portanto não posso ver quem vem abri-la, mas supondo que seja meu velho amigo, eu digo:

- Venha ao teatro comigo.

- Eu nunca vou lá - é a resposta que ouço.

- Eu sei - digo eu - é porque você agora tem medo.

- Não, eu não estou com medo; acontece que não ligo para isso.

- Deixa disso - digo eu - não aceito tal desculpa; eu sei que você gosta, e muito, mas você está com medo do novo inquilino.

- Eu sou o novo inquilino - é a resposta que ouço.

Neste caso, não estou diante do velho homem com seu aluguel perdoado, mas de um homem completamente novo, respondendo às minhas perguntas e declarando que não liga para os prazeres mundanos. Trata-se, aqui, de algo novo, mas é esta também a verdadeira posição do cristão: ele deve sempre deixar que sua nova natureza, e nunca a velha, atenda à porta.

Vamos supor agora que eu continue a bater à porta por alguns meses, e receba invariavelmente a mesma resposta. Não seria surpresa eu pensar que o velho inquilino tivesse morrido, pois ele nunca atende à porta. Assim é ele, ao menos naquilo que diz respeito ao aspecto visível da sua existência. O novo inquilino, no entanto, poderia me contar das muitas tentativas que o velho homem faz para escapar de seu confinamento, quando nada exceto a força do amigo pode evitar que ele se mostre tão mau como sempre foi. [ A. T. Schofield ]

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A responsabilidade do cristao perante o mundo - Tim Cedarland

Disse Jesus: "Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a criatura." Marcos 16.15. Que maravilhoso é, para os crentes, saberem que seus pecados estão perdoados e que possuem um lar nos céus, que lhes foi preparado por seu Salvador, o Senhor Jesus Cristo! E que esperança maravilhosa temos por saber que a qualquer momento poderemos escutar o chamado e sermos levados deste mundo para encontrar o Senhor nos ares -- para estarmos para sempre com Ele, que nos amou e Se entregou a Si mesmo por nós! (1 Ts 4.16,17).

Mas por que Deus preferiu nos deixar aqui ao invés de nos levar para o céu no momento em que fomos salvos? Acaso não somos deixados aqui para representar Cristo neste mundo onde Ele foi rejeitado e de onde foi lançado fora? Somos deixados para adorá-Lo e glorificá-Lo. Deixados para brilhar como luzeiros, e sermos Seus embaixadores enquanto aguardamos por Seu retorno muito em breve. Acaso não nos deu Ele uma mensagem para ser anunciada às almas preciosas que Ele tanto ama? E será que não somos responsáveis em sair ao encontro delas com esta mensagem de salvação que tanto necessitam?

Muitos estão se dirigindo rumo a uma eternidade de perdição no inferno! Devemos, como crentes, ficar indiferentes às necessidades daqueles que nos cercam? Se uma criança estivesse para atravessar uma rua movimentada, com toda certeza nós tentaríamos salvá-la! Se a casa de nosso vizinho estivesse em chamas e ele dormisse em seu interior, não procuraríamos avisá-lo do perigo? E, no entanto, muitos de nossos vizinhos e amigos correm um perigo ainda muito maior do que se estivessem no interior de uma casa em chamas: estão dormindo em seus pecados, e correm o perigo de perder suas almas eternamente! É, portanto, nossa responsabilidade avisá-los de sua condição! O apóstolo Paulo até mesmo dizia: "Ai de mim, se não anunciar o evangelho!" (1 Co 9.16). E também: "Sabendo o temor que se deve ao Senhor, persuadimos os homens" (2 Co 5.11).

Não é apenas uma responsabilidade do cristão divulgar o evangelho, mas é um privilégio que deveria ser motivado pelo amor para com Cristo. "O amor de Cristo nos constrange" (2 Co 5.14). Se realmente temos um amor genuíno por Cristo e se nossos corações estão verdadeiramente motivados por Ele, não seremos capazes de ficar sem sair em busca dos outros, seja de uma maneira ou de outra. Pedro e João podiam dizer: "Não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido" (At 4.20). Se já estivemos com o Senhor e desfrutamos da Sua presença, nossos corações se transbordarão para com aqueles que nos cercam. Jesus disse aos Seus discípulos: "E vós também testificareis, pois estivestes comigo..." (Jo 15.27).

É maravilhoso usufruirmos, para nós mesmos, das benditas verdades das Escrituras, mas compartilhemos também com os outros, em amor, aquilo que temos, para não estagnarmos em nossa vida cristã. O Mar Morto é morto porque não tem saída. Ele sempre recebe mas nunca dá. Ele não transborda para formar nem mesmo um pequeno córrego que traga algum proveito ao deserto ao seu redor. De graça recebemos. Vamos dar de graça também! Que o Senhor nos auxilie a sermos sensibilizados pela necessidade daqueles que se encontram perdidos e perecendo ao nosso redor. Que possamos despertar e entender a verdade expressa em 2 Reis 7.9: "Este dia é dia de boas novas!"

O tempo é curto. A vinda do Senhor está próxima! Breve o dia da graça terminará e não haverá mais oportunidades de falarmos de Cristo ou sentirmos compaixão pelas almas perdidas que estão ao nosso redor. Que o Senhor nos ajude a sermos fiéis na responsabilidade que Ele entregou a cada um de nós, a fim de podermos desfrutar do gozo de ouvir de Seus lábios estas palavras: "Bem está, servo bom e fiel... entra no gozo do teu Senhor" (Mt 25.21). [ Tim Cedarland ]

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As Escrituras - C. H. Mackintosh

No reino de Ezequias houve um marcante retorno à autoridade dos escritos sagrados. Cedo eles vieram a descobrir que não haviam guardado a páscoa, "porque muitos a não tinham celebrado como estava escrito" (2 Cr 30.5). Vemos, portanto, que os homens de Judá receberam de Deus um só coração para cumprir o mandamento do rei, e dos príncipes, pela Palavra do Senhor (2 Cr 30.12). Além disso, Ezequias estabeleceu holocaustos da manhã e da tarde, e holocaustos dos sábados e das luas novas e das solenidades, como está escrito na Lei de Moisés (2 Cr 31.3).

Nos dias de Josias, rei de Judá, o maravilhoso reavivamento teve origem em um reconhecimento prático da divina autoridade das Escrituras. Elas foram trazidas por Hilquias, o sacerdote, que encontrou na casa do Senhor "o livro da Lei do Senhor, dada pela mão de Moisés (2 Cr 34.14). "E Hilquias respondeu, e disse a Safã, o escrivão: Achei o livro da Lei na casa do Senhor... E Safã leu nele perante o rei. Sucedeu pois que, ouvindo o rei as palavras da Lei, rasgou os seus vestidos" (2 Cr 34.15,18,19).

A razão disso foi que ele compreendeu, por meio daqueles escritos, que se encontravam, com justiça, expostos à ira divina e às maldições descritas no livro, por causa dos seus pecados, por desprezarem o Senhor Deus, e por haverem queimado incenso a outros deuses (2 Cr 34.21,24). Então eles se submeteram à autoridade dos escritos sagrados, e celebraram a páscoa em conformidade com a ordenança "como está escrito no livro de Moisés" (2 Cr 35.12), o que foi acompanhado de abundantes bênçãos dadas por Deus.

Eles foram tão exercitados pela autoridade das Escrituras acerca disso, que lemos que o mandamento do rei foi: "imolai a páscoa: e santificai-vos, e preparai-a para vossos irmãos, fazendo conforme a Palavra do Senhor, dada pela mão de Moisés" (2 Cr 35.6). Nos é dito ainda que o mal "e todas as abominações que se viam na terra de Judá e em Jerusalém, os extirpou Josias, para confirmar as palavras da Lei, que estavam escritas no livro que o sacerdote Hilquias achara na casa do Senhor. E antes dele não houve rei semelhante, que se convertesse ao Senhor com todo o seu coração, e com toda a sua alma, e com todas as suas forças, conforme toda a Lei de Moisés: e depois dele nunca se levantou outro tal" (2 Rs 23.24,25).

O retorno dos judeus do cativeiro na Babilônia foi também marcado de forma extraordinária por seu reconhecimento da autoridade da Lei escrita do Senhor. Sabemos que Esdras era "escriba hábil na Lei de Moisés, dada pelo Senhor Deus de Israel" (Ed 7.6). Tal foi o seu reconhecimento da autenticidade divina dos escritos sagrados que nos é dito que "Esdras tinha preparado o seu coração para buscar a Lei do Senhor e para a cumprir e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus direitos" (Ed 7.10).

Lemos também que quando eles foram reunidos como um só homem em Jerusalém, "edificaram o altar do Deus de Israel, para oferecerem sobre ele holocaustos, como está escrito na Lei de Moisés, o homem de Deus... E celebraram a festa dos tabernáculos como está escrito" (Ed 3.2,4). E então, quando o templo estava terminado, eles consagraram a casa de Deus com gozo; ofereceram um sacrifício pelo pecado, de acordo com as doze tribos de Israel. "E puseram os sacerdotes nas suas turmas e os levitas nas suas divisões, para o ministério de Deus, que está em Jerusalém; conforme ao escrito do livro de Moisés" (Ed 6.15-18).

Quando Neemias era o copeiro do rei, lemos que ele jejuou, chorou e orou a Deus, e reconheceu a Palavra que Ele havia dado por Seu servo Moisés, a qual é encontrada em Levítico e Deuteronômio (Ne 1.8,9). Quando o muro estava completo, o povo se reuniu na rua como um só homem, e pediram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da Lei de Moisés que o Senhor dera a Israel. Assim ele fez, e leu-o, e todo o povo estava atento ao livro da Lei. E Esdras abriu o livro à vista de todo o povo, e outros fizeram com que o povo compreendesse a Lei. Assim eles leram o livro da Lei de Deus distintamente, mostrando o significado, e os levaram a compreender a leitura.

Eles acharam escrito na Lei, que o Senhor havia dado por Moisés, que os filhos de Israel deveriam habitar em cabanas; "porque nunca fizeram assim os filhos de Israel, desde os dias de Josué, filho de Num, até àquele dia; e houve mui grande alegria. E de dia em dia ele lia no livro da Lei de Deus, desde o primeiro dia até ao derradeiro" (Ne 8.1-18). Mais adiante nos é mostrado que depois disso "leu-se no livro de Moisés, aos ouvidos do povo; e achou-se escrito nele que os amonitas e os moabitas não entrassem jamais na congregação de Deus. Sucedeu pois que, ouvindo eles esta lei, apartaram de Israel, toda a mistura" (Ne 13.1,3).

É muito interessante observar aqui que os fiéis que retornaram do cativeiro voltaram-se à autoridade divina, àquilo que Deus havia ordenado desde o princípio. Eles não se basearam em nenhum período ou reavivamento em particular, mas permaneceram naquilo que tinha sido escrito, separados de todas as tradições dos homens. Acaso não é este, sempre, o caminho daquele que é fiel em tempos maus? - Charles Henry Mackintosh (1820-1896)

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Fruto na velhice

No Evangelho de Marcos há o registro da escolha que Jesus fez de doze homens para serem Seus discípulos. A Bíblia diz, "E nomeou doze para que estivessem com Ele e os mandasse a pregar" (Mc 3.14). Observe que Jesus os escolheu para que primeiro estivessem com Ele, e depois os enviou a pregar. Estar com Ele era comunhão; ser enviado a pregar era serviço. Nisso vemos que a comunhão com Deus é mais importante que o serviço, pois Deus deseja comunhão antes do serviço. Você pode estar surpreso com isso, mas é a ordem estabelecida por Deus. A comunhão com Deus é realmente mais importante que o serviço para Deus.

O cristão que se encontra inválido pela ação de uma artrite, ao ponto de ser atacado por intensa dor ao mais leve movimento, está, obviamente, muito limitado naquilo que pode fazer para o Senhor. Mas o que dizer da comunhão? Uma pessoa assim não somente desfruta de comunhão com Deus, mas pode ter uma comunhão muito mais rica agora que tem mais tempo disponível.

Assim se expressou uma senhora que vive em um asilo:

"Anos atrás eu estava tão ocupada cuidando de minha família que dificilmente tinha tempo para me sentar e ler minha Bíblia, como na verdade deveria ter feito. Ah! sim, eu a lia com uma certa freqüência junto com toda a família. Nós a estudávamos juntos; meditávamos um pouco nela, mas na realidade eu não separava um tempo para ter comunhão com Deus enquanto líamos a Sua Palavra -- falhávamos por não meditarmos verdadeiramente nela. Mas agora estou aposentada e tenho o tempo todo à minha disposição. Começo a desfrutar da meditação na Palavra de Deus, e agora estou tendo uma comunhão maravilhosa com Ele".

Aquela senhora está agora trazendo um prazer muito maior ao Senhor do que antes, quando o tempo que dispunha para Deus era tão limitado.

Por que Deus tem esse interesse tão especial em pessoas mais velhas? Deus quer ter comunhão com os cristãos, e muitos não separam um tempo para meditar e ter comunhão com Ele. Mas as pessoas mais velhas, que têm tempo disponível, podem desfrutar de uma deliciosa comunhão com o Senhor. Deus Se agrada dessa comunhão com pessoas de idade que conhecem o Salvador, e é este um dos frutos espirituais que Deus tem buscado e espera receber.  [Christian Treasury - Vol.5 Nº4]


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Linguas e outros dons de sinais - Gordon H. Hayhoe

"Está escrito na Lei: Por gente doutras línguas, e por outros lábios, falarei a este povo; e ainda assim me não ouvirão, diz o Senhor. De sorte que as línguas são um sinal, não para os fiéis, mas para os infiéis; e a profecia não é sinal para os infiéis, mas para os fiéis" (1 Co 14.21,22).

"E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem... E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois que! não são galileus todos esses homens que estão falando?... os temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus" (At 2.4-11).

Quando nos referimos a este assunto, é de suma importância que entendamos duas coisas:

1. Qual era o propósito do dom de línguas?

2. Eram elas línguas normalmente faladas no mundo, ou eram meramente um balbuciar pronunciado em êxtase?

Os versículos citados no início respondem com muita clareza a estas perguntas: Primeiro, foram dadas como um sinal para incrédulos e não para os crentes. Segundo, eram línguas entendidas por pessoas originárias de países onde se falava aqueles idiomas.

Se tivermos estas duas coisas em mente, todas as passagens que tratam do assunto se tornarão claras de uma só vez. Quanto ao fato de elas existirem ou não nos dias de hoje, se existirem, devemos esperar que sejam as mesmas mencionadas pelas Escrituras. Deus deu sinais para confirmar a Palavra para os incrédulos, isto é, antes que o Novo Testamento tivesse sido escrito (Mc 16.20; Hb 2.3,4). Porém hoje encontramos duas coisas que chamam nossa atenção no moderno movimento de línguas:

Primeiro, elas não são utilizadas para proclamar as grandezas de Deus aos incrédulos em suas próprias línguas.

Segundo, elas encontram-se, freqüentemente, associadas com algum erro sério acerca da Pessoa e obra de Cristo, e também estão conectadas a outras práticas que não são bíblicas.

Estas coisas devem nos colocar em estado de alerta antes que nos envolvamos com tais movimentos, pois nos é dito: "Examinai tudo. Retende o bem" (1 Ts 5.21). A maneira de as examinarmos é pela Palavra de Deus. É algo muito sério buscarmos algum tipo de poder que não esteja em conformidade com a Palavra de Deus.

Consideremos as três passagens em Atos que falam das línguas. Em Atos 2, no dia de Pentecostes, o Espírito Santo desceu de acordo com a promessa de Atos 1.4,5 (veja também João 7.39; 16.7). Até àquela época Deus estava tratando com uma nação em particular, e o Senhor Jesus, quando esteve aqui na terra, declarou, "Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel" (Mt 15.24). Ele também falou aos Seus discípulos, "Não ireis pelo caminho das gentes (gentios), nem entrareis em cidade de samaritanos; mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel" (Mt 10.5,6). Porém no dia de Pentecostes algo novo estava para começar. O Senhor Jesus havia dito, "Edificarei a minha Igreja" (Mt 16.18), e essa Igreja seria composta de judeus e gentios (1 Co 12.13). A parede de separação entre judeus e gentios estava para ser derrubada (Ef 2.14), e qual sinal poderia ser mais apropriado, para ser dado em conexão com esse algo novo, do que o dom de línguas? A mensagem das grandezas de Deus era assim proclamada em muitas línguas diferentes, e isso sem qualquer aprendizado prévio por parte dos que as falavam. Deus mostrava estar indo além das fronteiras de Israel, pois Ele estava pronto para derrubar a parede de separação que dividia os judeus dos gentios.

Encontramos a próxima referência ao dom de línguas em Atos 10.46. Vemos ali um grupo de gentios na casa de Cornélio, pois mais uma vez Deus está apresentando aquilo que é novo pela introdução dos gentios na formação da igreja de Deus sobre a terra. Eles receberam o Evangelho proclamado por Pedro e, quando o Espírito Santo veio sobre eles, falaram em línguas e foram acrescentados à igreja. Em Atos 11.4-18, ao recordar o que acontecera, Pedro disse, "caiu sobre eles o Espírito Santo, como também sobre nós ao princípio". Isso deixa bem claro que eles também falaram línguas inteligíveis (idiomas falados neste mundo), pois foi assim que o dom de línguas havia sido dado "ao princípio". Mais uma vez vemos que isso estava em harmonia com os desígnios de Deus, em demonstrar que Ele estava alcançando, muito além de Israel, os próprios gentios. Aqueles que se encontravam na assembléia em Jerusalém foram levados a admitir isso, pois disseram, "Na verdade até aos gentios deu Deus o arrependimento para a vida" (At 11.18).

A terceira vez em que lemos acerca do dom de línguas é em Atos 19.6, quando Paulo vai a Éfeso. Ali vemos um grupo de discípulos que nunca havia ouvido o evangelho da graça de Deus. Eles haviam aceitado a mensagem de João Batista que falava da vinda do Messias e, em arrependimento, tinham sido por ele batizados. Agora eles ouvem acerca do Senhor Jesus que morreu e ressuscitou, e que o Espírito Santo foi enviado. João havia dito que o Senhor Jesus batizaria com o Espírito Santo (Mt 3.11), e isso já havia acontecido no dia de Pentecostes, como o Senhor Jesus havia predito que aconteceria em Atos 1.5. Agora já não era mais necessário esperar pelo batismo do Espírito Santo, pois Ele já havia vindo, e assim, quando Paulo impôs suas mãos sobre eles, receberam o Espírito Santo. Eles também deram testemunho, ao falar em línguas, que o cristianismo não era igual à mensagem de João à nação de Israel, pois a mensagem do evangelho no cristianismo alcançava até os gentios. A epístola de Paulo aos Efésios não menciona o dom de línguas, mas revela claramente como a parede de separação entre judeus e gentios foi derrubada, formando um corpo em Cristo (Ef 2.14-16; 3.6).

A única epístola que fala do dom de línguas é 1 Coríntios. Ali nos é dito que aos Coríntios não faltava nenhum dom, e ainda assim eram cristãos carnais (1 Co 1.7; 3.1). Uma vez que "os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento" (Rm 11.29), Deus não retira um dom que tenha sido dado a uma pessoa, mesmo que ela não o esteja utilizando em conformidade com a Sua vontade revelada em Sua Palavra. É possível usar um dom dado por Deus de maneira errada, ou fazê-lo apenas para exibição e exaltação própria. Além disso é importante notar que nem todos os crentes em Corinto tinham o dom de línguas (1 Co 12.30), mas alguns, que haviam recebido esse dom, não o estavam usando em amor e nem para proveito, razão pela qual Paulo os exorta a não agirem como meninos que gostam de se exibir (1 Co 13.11; 14.20). Quando ele fala das línguas dos homens e dos anjos, o faz no mesmo sentido em que fala de anjos pregando um outro evangelho (Gl 1.8), pois podemos estar certos de que os anjos são capazes de falar qualquer língua deste mundo, e que os anjos eleitos são espíritos ministradores cuidando de todos os filhos de Deus, independente de sua nacionalidade (Hb 1.13,14).

Não existe aqui nenhum pensamento acerca da, assim chamada, "língua celestial", pois como poderia uma língua desconhecida a qualquer pessoa ou nação deste mundo ser um testemunho para incrédulos? Pois as Escrituras nos demonstram, conforme já mostramos, que as línguas foram dadas como um sinal para os incrédulos. As línguas não serão necessárias quando "vier o que é perfeito" (1 Co 13.8-10), portanto cessarão na glória vindoura. Note aqui que não diz "o dom de línguas", mas simplesmente que as "línguas" cessariam. Nos céus a profecia não será necessária, o conhecimento não será mais em parte e, já que todos serão de um mesmo parecer e falarão a mesma linguagem, então as línguas (ou idiomas) cessarão. As diferentes línguas começaram com a torre de Babel quando o homem, em seu orgulho, procurou erguer uma torre de tijolos cujo topo alcançaria os céus. Agora Deus está construindo uma casa espiritual, da qual todos os crentes fazem parte como pedras vivas, não importa que língua falem ou a que nacionalidade pertençam. Mais uma vez vemos a sabedoria de Deus em apresentar esse algo novo por meio do dom de línguas. O uso desse dom sem amor e para pura exibição não estava nos propósitos de Deus.

Mais adiante, no capítulo quatorze de 1 Coríntios, o apóstolo continua tratando deste assunto e dá as regras para o seu uso em assembléia. Nas ocasiões anteriormente registradas em Atos, elas não eram usadas na assembléia, quando estavam reunidos, mas apenas como um sinal para cumprir o propósito para o qual Deus lhes havia dado. Já que era um dom dado por Deus o seu uso não era proibido, a não ser quando não houvesse um intérprete. O dom seria, quando usado adequadamente, uma lembrança à assembléia da graça de Deus em operar entre as nações em bênção, reunindo-os num só corpo em Cristo. Mesmo em nossos dias podemos ser propensos a esquecer, em uma assembléia onde todos falem a mesma língua, que Deus está salvando almas de toda tribo, língua, povo e nação, e dando a elas o Espírito Santo como membros do único corpo. Com freqüência, quando alguém que fala outra língua nos visita, e temos que interpretá-la para os demais, somos lembrados de como, no dia de Pentecostes, cada um ouviu das grandezas de Deus em sua própria língua natal (At 2.8).

É triste termos que admitir que os coríntios estavam usando o dom de línguas para exibição e, por esta razão, Paulo precisou dizer-lhes que não falassem em outra língua, desconhecida dos presentes, a menos que houvesse um intérprete. Eles poderiam, porém, falar "consigo mesmo e com Deus" em outra língua, pois Ele entende todas as línguas. Se eu estivesse em uma reunião onde ninguém compreendesse o inglês, eu falaria comigo mesmo e com Deus em inglês. Mas os versículos 21 e 22 de 1 Coríntios 14 deixam claro que não se tratava de algum balbuciar pronunciado em êxtase, Porém as línguas que Paulo mencionava eram diferentes idiomas que poderiam servir de sinal, para os incrédulos, do poder de Deus e de como a mensagem da salvação chegava agora a todas as nações. Se nenhum dos presentes na assembléia pudesse entender a língua, e se não houvesse nenhum intérprete, ela não serviria para o propósito dado por Deus, conforme é demonstrado em Atos 2. Além do mais teria parecido loucura para os estranhos que chegassem e não pudessem compreender o que estava sendo falado. Seria confusão; Deus não seria glorificado e ninguém seria edificado (1 Co 14.21-25).

Mas a pergunta que normalmente se faz é se ainda temos o dom de línguas em nossos dias. Perguntar isso já é dar a resposta, pois não existe uma pessoa ou grupo que possa admitir ser capaz de fazer o que aconteceu em Atos 2, reunindo um grupo de pessoas de "todas as nações que estão debaixo do céu" (At 2.5), e então falar-lhes, em suas próprias línguas, das grandezas de Deus.

Isto nos leva a uma consideração importante, não apenas com respeito ao dom de línguas, mas também acerca de todos os dons de sinais. As Escrituras não prometem que os dons de línguas, curas e milagres, que incluíam até o ressuscitar mortos, conforme eram exercidos na igreja primitiva por pessoas especialmente dotadas, iriam continuar. Sabemos que eles existiram nos primeiros dias da igreja, como está claramente registrado em Atos e Coríntios, como sinais para confirmarem a Palavra que ainda não tinha sido escrita. Há, no entanto, a promessa da continuidade dos dons de ministério para edificação da igreja (Ef 4.7-16). Temos agora, na Palavra escrita, o fundamento do cristianismo lançado pelos apóstolos e profetas (Rm 16.26; 1 Co 3.10; Ef 2.20-22), e a continuação dos dons de ministério, "para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo. Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina" (Ef 4.12-14).

Como já foi mencionado, há aqueles que professam possuir o dom de línguas e outros "dons de sinais" em nossos dias. À medida que colocamos à prova suas afirmativas, pela Palavra de Deus e pelos próprios fatos, constatamos que não são iguais àquilo que nos é apresentado no livro de Atos. Não usam o dom de línguas como um sinal para os incrédulos e nem podem fazer que um grupo de doentes se aproxime e sejam todos curados (At 5.12-16). Mesmo com respeito às curas registradas em Atos, não existe a certeza de que aqueles que foram curados fossem crentes, mas tudo indica justamente o contrário. Era um sinal para confirmar a Palavra para os incrédulos, mesmo porque os verdadeiros crentes não necessitam que a Palavra lhes seja confirmada, pois a receberam como sendo a Palavra de Deus (1 Ts 2.13). É também importante notar que a cura tem relação com o tempo ou século futuro (Hb 6.5; Is 33.24; Sl 103.3). Era um sinal dirigido especialmente àqueles que haviam rejeitado o seu Messias, e a outros também, mostrando que é Ele Quem irá no futuro trazer as bênçãos do reino sobre a terra; que Ele Se encontra agora ressuscitado, e que essas obras de poder eram feitas em nome dEle (At 4.9,10).

É muito importante distinguirmos as duas esferas distintas de bênção das quais o Senhor será o centro no dia vindouro (Ef 1.10). Haverá a esfera celestial à qual pertence à igreja (2 Co 5.1; Cl 1.5; 1 Pd 1.3,4) e haverá a esfera terrenal da qual a Jerusalém na terra será o centro (Is 4.3-5; 65.18). Já que nós, como parte que somos da igreja, somos um povo celestial, aguardamos o momento da Sua vinda quando seremos transformados e teremos corpos de glória à imagem do corpo glorioso de Cristo (Fp 3.20,21). Enquanto isso, neste tabernáculo "gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu" (2 Co 5.2).

Em relação a isto, é bem interessante notar com cuidado as referências feitas às doenças entre os crentes nas epístolas, entre aqueles que pertencem ao povo celestial. Lemos em Romanos 8.23 que "nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo". Não há aqui nenhuma referência a cura, mas sim a esperar pela redenção de nosso corpo. O Espírito, enquanto isso, "ajuda as nossas fraquezas" ("enfermidades", cf. versão inglesa), mas não diz que Ele as remove.

Mais adiante, em 2 Coríntios 12.7-10, vemos que Paulo tinha um espinho na carne, chamado de "enfermidade física" em Gálatas 4.13 (versão Almeida Revista e Atualizada), e ainda assim o Senhor não o curou, mas o ensinou a depender dEle quanto àquela dificuldade. Timóteo tinha "freqüentes enfermidades", mas Paulo não lhe indicou alguém que o curasse, mas aconselhou que utilizasse um remédio para sua enfermidade (1 Tm 5.23). Mais uma vez vemos, em 2 Timóteo 4.20, que embora Paulo houvesse curado a muitos em seu trabalho no evangelho, (como está registrado em Atos 19.11,12; 28.8,9), deixou Trófimo doente em Mileto.

Em Tiago 5.14-18 encontramos o caso de um que, estando doente, chama pelos anciãos para orarem por ele. Não se trata da fé do doente que lhe restaura a saúde -- sua fé nem mesmo é mencionada -- mas trata-se de um exercício de fé da parte daqueles que oraram por ele. Também não se trata do dom de curar sendo exercitado, mas sim de uma oração respondida, sugerindo que aquele que estava doente reconhecia que devia ser honesto o suficiente para confessar um pecado conhecido. Aqueles que oram discernem a vontade de Deus em relação à enfermidade, e orando de acordo com a vontade de Deus, Ele responde à oração. Não há menção aqui de uma cura súbita e miraculosa, mas do Senhor levantando o enfermo novamente. Além do mais, naqueles dias havia anciãos (ou presbíteros) designados pelos apóstolos, enquanto que hoje não há apóstolos ou quem tenha recebido autoridade delegada diretamente por eles, como era o caso de Tito (Tt 1.5), para estabelecer anciãos. A assembléia local nunca nomeava os seus próprios anciãos, mesmo nos tempos bíblicos, embora não exista dúvida de que mesmo nestes nossos dias de ruína e fracasso Deus permaneça fiel, e assim como Paulo previu que viriam dias em que lobos vorazes entrariam (e estão entrando) no rebanho, ele se referiu também àqueles anciãos de Éfeso, não como tendo sido nomeados por Paulo, mas pelo Espírito Santo (At 20.28.30). Não existem anciãos (bispos ou presbíteros) oficiais hoje, mas sem dúvida há, ainda hoje, aqueles levantados por Deus para tomar conta do Seu povo, em um espírito de humildade e amor pelo rebanho de Deus. Não há dúvida de que é por esta razão que Tiago menciona o caso de Elias, um profeta nos dias da ruína e divisão de Israel, e demonstra como ele era conhecedor da vontade de Deus em suas orações. Ele primeiro viu, ao suspender as chuvas, a necessidade de disciplina do povo de Deus, e então Deus em graça respondeu à oração de Elias ao enviar chuva. Com freqüência temos visto, em nossos dias, o Senhor respondendo às orações, em situações de dificuldade ou ao restaurar a saúde aos enfermos, mas precisamos compreender as épocas e termos discernimento da Sua vontade a este respeito (Ef 5.17).

Por meio de 1 Coríntios 11.30 podemos ver como Deus utiliza a enfermidade em Seus desígnios governamentais, pois lemos que em virtude de pecado não julgado Deus permitiu que muitos em Corinto estivessem "fracos e doentes", por não terem julgado a si mesmos por seu proceder negligente. João também fala destas coisas em sua epístola (1 João 5.14-17), mostrando como o Senhor poderia remover, por meio da morte, alguém que não tomasse cuidado com seu proceder. Embora o cristão esteja eternamente seguro no que diz respeito à salvação de sua alma, ele se encontra sob os desígnios governamentais de Deus, e Ele às vezes utiliza a doença para tratar com os que são Seus. Se nos recusamos a escutar, poderemos perder o privilégio de vivermos aqui como um testemunho para Cristo, embora o sangue de Cristo já nos tenha tornado prontos para o céu. Evidentemente isto não significa que toda enfermidade seja uma punição, pois ela pode vir tanto em razão de nosso corpo fazer parte de uma criação que geme, e termos por isso herdado alguma fraqueza, como pode também fazer parte do método de ensino de Deus, como quando se poda uma videira para que produza mais fruto. Era este o caso de Paulo em 2 Coríntios 12.7-10.

É de suma importância para nós, em nossa expectativa, não irmos além da Palavra de Deus (1 Co 4.6; Sl 62.5; Nm 23.19). Aqueles que buscam por dons de sinais nos dias de hoje, estão permitindo que suas expectativas ultrapassem a Palavra de Deus, e isso os deixa vulneráveis a "todo vento de doutrina" e ao poder do inimigo (Sl 17.4,5; 2 Tm 2.24-26). Falsos profetas farão sinais e maravilhas no futuro (Mt 24.24), mas serão sinais feitos pelo poder de Satanás, e a única maneira de termos certeza se algo é de Deus é que esteja de acordo com Sua Palavra. Todas as passagens das Escrituras que tratam dos últimos dias da história da igreja, falam do abandono de Deus e de fraqueza, não de sinais e maravilhas. Veja a descrição que Paulo faz dos últimos dias da igreja em 2 Timóteo 3, ou a descrição que João faz dos últimos dias da igreja como é vista em Laodicéia (Ap 3.14-20), e também os avisos de Pedro em 2 Pedro 3.3,4. A profecia de Joel em Atos 2, que alguns usam para dar fundamento aos sinais e maravilhas nestes últimos dias da história da igreja, se refere a um tempo futuro para Israel (trata-se dos últimos dias para Israel, cf. Joel 2.21-32). O dia do Pentecostes encontrava-se naquele caráter pois a Israel, como nação, foi dada naquela ocasião a oportunidade de se arrepender de sua culpa por ter crucificado o Messias, e assim receber a bênção prometida, que será deles em um dia futuro quando efetivamente irão se arrepender (At 3.17-26).

O Espírito Santo foi dado no dia do Pentecostes, e agora, como uma Pessoa divina, Ele habita nos corpos dos crentes (1 Co 6.19) e Se encontra também na casa professa da cristandade (Ef 2.22). O Senhor Jesus falou disso (Jo 14.16,17), dizendo aos discípulos, antes do dia de Pentecostes, que esperassem por Sua vinda em cujo tempo eles seriam "do alto revestidos de poder" (Lc 24.49). Em Corinto, não foi dito aos crentes que esperassem que viesse "poder" sobre eles, mas, ao invés disso, foi dito que deveriam usar os dons do Espírito, que Deus lhes havia dado, inteligentemente, dirigidos por Sua Palavra e em uma santa liberdade, conforme fossem guiados pelo Espírito (1 Co 12.4-11). Como alguém já disse, "O Espírito e a Palavra não podem ser separados sem que se caia no fanatismo, de um lado, ou no racionalismo, do outro". É perigoso aguardar por um derramamento adicional do Espírito, além daquele que temos, sendo habitados pelo Espírito de Deus. Há dois poderes acima do homem, e estes são o poder de Deus e o poder de Satanás. O movimento carismático leva as pessoas a buscarem por demonstrações de poder que não estão em conformidade com a Palavra de Deus e, portanto, não são pelo Espírito de Deus. Edward Irving, que iniciou esse movimento na Inglaterra no século passado, ensinou algumas coisas chocantes acerca da Pessoa de Cristo, as quais não convém repetir aqui (conforme citado por J. N. Darby em "Collect Writtings", Vol. 15, Pg. 1-51), no entanto aconteceram grandes demonstrações de poder e "línguas" naquela época, pegando em suas redes até mesmo cristãos verdadeiros (cf. "Spirit Manifestations", Sir Robert Anderson, pg. 19,20). Mesmo nos dias de hoje a demonstração desse poder e "línguas" está com freqüência associada a má doutrina acerca da Pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo, e a outras práticas não bíblicas, pois Satanás pode tomar a forma tanto de um "anjo de luz" (2 Co 11.13-15) como de um "leão que brama" (1 Pd 5.8,9). Seu grande alvo sempre foi atacar a gloriosa Pessoa e a obra consumada de nosso bendito Senhor e Salvador.

Por esta razão vemos a importância de primeiro testarmos esse movimento carismático moderno pela Palavra de Deus. Não busquemos por "poder", pois se alguém, seja homem ou mulher, é um verdadeiro crente no Senhor Jesus Cristo, tal pessoa é habitada pelo Espírito de Deus, que é o poder para nosso andar como filhos de Deus. Em Lucas 11.13, antes do dia de Pentecostes, o Senhor Jesus disse aos Seus discípulos que pedissem pelo Espírito Santo, pois Ele ainda não havia sido dado (Jo 7.39), mas agora Ele habita nos corpos de todos que creram no evangelho (Ef 1.13). Não há qualquer registro de alguém a quem tenha sido dito que esperasse pelo batismo do Espírito Santo após o dia de Pentecostes. Existe a exortação que diz "enchei-vos do Espírito" (Ef 5.18), que significa que devemos permitir que Ele nos guie em tudo o que fazemos. Ela é dada em contraste com o embriagar-se com vinho, uma vez que alguém assim estaria fora de controle, enquanto que aquele que está cheio com o Espírito encontra-se sob controle, pois dois aspectos do fruto do Espírito são temperança e domínio próprio (Gl 5.22,23 Almeida Versão Atualizada). Onde o Espírito de Deus estiver guiando, aí há liberdade e serviço inteligente.

À medida que andarmos perto do Senhor em dependência e obediência, haverá, pelo poder do Espírito de Deus, o desfrutar de Cristo e de nossa porção nEle, pois o Espírito Santo não fala de Si mesmo, mas nos guia a toda verdade e glorifica a Cristo (Jo 16.13,14; Ef 3.16,21; Cl 1.8-14). Ele também nos capacitará a darmos um verdadeiro testemunho por Cristo perante outros (Fp 2.15,16). Se virmos demonstrações de poder ao nosso redor, seremos mais prontos a verificar se estão de acordo com a Palavra de Deus do que a nos deixarmos levar pelo próprio sinal ou maravilha (Dt 13.1-4).

Ao terminar, gostaria de colocar estas palavras diante do Senhor para que possam ser úteis para auxiliar o povo de Deus a discernir o caminho de fé nestes últimos dias. Regozijamos-nos ao ver Deus operando em graça ao salvar almas, usando Sua preciosa Palavra por quem quer que a pregue (Fp 1.18). Mas Deus quer também que todos os que são Seus "venham ao conhecimento da verdade" (1 Tm 2.4). O caminho de obediência à Sua Palavra é o único caminho seguro e verdadeiramente feliz, e neste caminho, como alguém já disse, "não existem desapontamentos e nem esperanças perdidas". Os caminhos da sabedoria "são caminhos de delícias, e todas as suas veredas, paz" (Pv 3.17). As Escrituras não nos dizem que devemos buscar por um segundo Pentecostes; ao invés disso nos exortam a saber como devemos agir e como devemos nos reunir ao Nome do Senhor Jesus Cristo em obediência, numa época em que a cristandade se tornou uma grande casa, com "vasos para honra, outros, porém, para desonra" (2 Tm 2.16-26). Certa ocasião o Senhor teve que dizer a Pedro, "Para trás de mim, Satanás" (Mt 16.23), mostrando que até mesmo um crente útil e verdadeiro pode ser seduzido e usado pelo inimigo.

Que possamos compreender o que é desfrutar de nossa porção em Cristo agora, pelo Espírito, possuindo, como alguém já disse, corações amplos (para amarmos a todos os verdadeiros filhos de Deus) e pés estreitos (para caminharmos no estreito caminho da obediência à Palavra de Deus), enquanto ansiamos pelo bendito dia em que estaremos com Cristo naquele glorioso Lar nas alturas. Então a igreja será apresentada "igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante" (Ef 5.27). Tudo o que será verdadeiramente levado em conta então será ter a Sua aprovação quanto ao caminho que trilhamos em direção ao Lar, a casa do Pai. - [Gordon H. Hayhoe]


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